
nesta luz absoluta ou absurda,
ou só escuridão total, relances há
em que creio, ou se me afigura,
ter tido, alguma vez, passado…
Rui Knopfli, in “O Corpo de Atena”
Mister Olsen é uma personagem fictícia inspirada numa versão pós-moderna do “gentleman” victoriano.
Nada disso!
Essencialmente romântico e de ego evidenciado, é terno como um “teddy bear”, áspero como um pano de seda, quente como o cobertor fofo do sofá.
Tem dias!
Não aprecia pessoas cheias de certezas, pois só os incautos as têm sobre tudo e todos. Também é avesso a que se levem muito a sério.
Convenhamos…
É um tipo com riso fácil e de piada presa. Ou seja, não tem nenhum jeito para fazer humor. Por isso, frui com gosto, do humor dos outros, principalmente se tiver requintes queirosianos.
Descobriu aos 15 anos que, para onde quer que fosse, estava uma velha a espreitar nas esquinas. Confrontou-a!
Desde então são grandes amigos e passam longas horas em silêncio, tal e qual Tristan no livro de Afonso Cruz, “Nem todas as baleias voam”.
Gosta de coisas e cenas!
Às vezes ele tem a impressão de se sentir como Gonçalo Mendes Ramires se assemelha com Portugal.
Não gosta de olhar para o chão e, das poucas vezes que o fez, valeu-lhe enfiar a testa no reclame de uma gasolineira. Por estar sempre a olhar em frente até já caiu numa vala, aberta no passeio, onde se haveriam de plantar árvores.
Aborrece-se com “trendings” de toda a espécie, levando os outros a olharem-no de lado e a colocarem-no de parte.
Não fica incomodado, mas, isso, chateia os outros.
Durante anos pensou que o Jimmy Fallon era um tipo daquela série da qual nunca se lembra do nome, mas onde entrava aquela rapariga que tocava trombone no filme “American Pie”.
Melómano desde que a mãe lhe cantou a canção do “Alecrim aos molhos”, a bagunça entrou-lhe em casa quando as miúdas descobriram o K-Pop.
Apresenta-se, aqui, na terceira pessoa, revelando, por isso, uma forte contradição…